sexta-feira, 28 de setembro de 2012
28/09 - Prólogo - uma pequena fábula ídiche
Prólogo: Uma pequena fábula ídiche
"Um dos filhos do povo escolhido havia se cansado de viver. Desapontado com a existência em um mundo que o forçava a escolher entre Russomanski, Haddadberg e Serretz, e ainda inconformado com a mutilação genital a que havia sido submetido em tão tenra idade, incansavelmente praguejava contra Javé, com quem se ressentia por não levá-lo embora deste mundo num acidente aéreo. Os anos se acumulavam, os cabelos caíam, a barriga cada vez mais bloqueava a visão de porções circuncisadas de seu corpo, e nosso herói continuava a não explodir numa gloriosa e redentora bola de fogo. E então, brincando com suas trancinhas, de novo e de novo maldizia Aquele Que É O Senhor, acusando-o de não ter consideração por este seu filho.
Até que Javé, em um belo e ensolarado feriado judaico, já não suportando os contínuos impropérios a ele dirigido, resolveu interromper seu trabalho de transformar pessoas em estátuas de sal, desceu de sua nuvem, e com a voz embargada de ira divina exclamou:
-Schlong! Mas Aderbovicz, você pelo menos poderia facilitar minha vida e entrar num avião, né?"
O voo sai daqui a pouco. Tô fazendo minha parte, Papai-do-Céu. Vê se não come mosca de novo....
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mórbido e impagável
ResponderExcluirboa viagem